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A primeira escola de Engenharia da África Subsaariana, fundada pelos portugueses em Angola

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A primeira escola de Engenharia da África Subsaariana, fundada pelos portugueses em Angola
Fundada em 1699 a Aula de Geometria e Fortificação de Luanda originalmente localizada na Fortaleza de São Miguel, foi a primeira instituição de ensino de Angola e da África Subsaariana, com o objectivo de formar um corpo técnico local capaz de construir e manter as edificações da Cidade de Luanda, com a vantagem de serem recrutados “filhos da terra”, adaptados ao clima e às condições locais. O Século XVIII e especialmente a década de 1760 marca um momento de viragem na história de Angola e na sua história intelectual.
Em 1764 depois de anos fechada por falta de mestres a Aula de Geometria de Luanda foi reativada por D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, que partir deste momento, a “burocracia” do Império valia-se de outros agentes, e foi assim que começaram a aparecer em Angola os engenheiros e os militares de carreira, como via eficiente na reforma e renovação da estrutura administrativa e em particular das capitanias-mores, nos presídios sertanejos, “para que paulatinamente se reformasse esse desanimado corpo de oficiais”.
O período pombalino foi marcado pela grande circulação de livros em Luanda, publicadas com o sentido de justificar ideologicamente a nova ordem, repercutiu-se em Angola, logo em 1759 com o envio para África de uma Colecção Authentica; mais tarde, em 1770, Francisco Xavier de Mendonça Furtado fazia chegar exemplares da Dedução Cronológica e Analítica(1768), para serem distribuídos “pelas pessoas mais dignas na forma das Ordens de Sua Majestade”. Já numa linha de difusão e imposição de uma matriz racionalista, que permitisse “trazer à civilidade as gentes bárbaras”, chegaram a Angola, com a tutela do Conselho Ultramarino, vários exemplares da tradução dos Ofícios de Cícero, para que se repartissem pelas pessoas “capazes de se aproveitarem de suas lições
O que tem interesse mencionar é o facto de estas personagens do Império se terem estabelecido em Angola com as suas famílias, se terem casado e tido filhos, vindo a inscrever-se na sociedade colonial luandense, passando a fazer parte dela e, portanto, transformando-a. Foi esse o caso da família Pinheiro de Lacerda, que deu origem a uma verdadeira dinastia de cartógrafos e deixou um acervo importante de cartografia e de textos descritivos de zonas de Angola até à altura debilmente exploradas.
No que toca à História de Angola, o tema das elites coloniais tem sido estudado, maioritariamente, para os séculos XIX e XX, mas, tudo o indica, ainda há uma “história mais antiga” que anda à espera de ser escrita sobre as elites colônias, nos séculos XVII e XVIII. Fonte: De “antigos conquistadores” a “angolenses” A elite colonial de Luanda no contexto da cultura das Luzes, entre lugares da memória e conhecimento científico.
Daniel Jorge Marques Filho
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