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António Tenreiro, o explorador português que deu a conhecer o Médio Oriente

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António Tenreiro terá nascido em Coimbra, em finais do século XV, filho de pais nobres. Explorador ao serviço do Rei D. João III, deixaria as suas viagens relatadas na sua obra “Itinerário”, publicado pela primeira vez em 1560.
A primeira grande viagem de Tenreiro teria início em 1523, partindo o explorador de Ormuz, à época território português, com direção a Tabriz, então capital da Pérsia, governado pela dinastia Safávida. Tenreiro integrava uma embaixada portuguesa chefiada por Baltazar Pessoa. Após terminar a viagem, partiria com destino a Jerusalém, mas seria preso pelos turcos em Diyarbekir, sob a acusação de ser um agente do Xá persa, tendo sido despojado dos seus bens e levado para o Cairo, de modo a ser interrogado pelo Grão-Vizir otomano.
António Tenreiro conseguiria obter a sua libertação, descendo posteriormente o Nilo até à Alexandria, viajando daí para o Chipre, regressando posteriormente à Ásia. Tenreiro atravessaria então o deserto onde hoje se situam a Síria e o Iraque, acabando por retornar a Ormuz.
Em 1528, seria encarregue pelo Capitão de Ormuz, D. Cristóvão de Mendonça, de levar uma carta do Governador da Índia D. Duarte de Meneses ao Rei D. João III. Deste modo, António Tenreiro viajaria novamente até ao Chipre, partindo daí para Itália, passando por cidades como Génova, Valência e Toledo até chegar a Lisboa, cidade que alcançaria em maio de 1529.
D. João III reconheceria então os bons serviços de António Tenreiro, fazendo-o Cavaleiro da Ordem de Cristo e premiando-o com uma pensão de 30 000 réis.
Segundo o historiador Diogo de Couto, António Tenreiro viria a sofrer em Lisboa uma tentativa de assassinato, tendo sido tratado pelo físico do Rei. A investigação ordenada pelo Rei não obteve quaisquer conclusões, não tendo sido descoberto o incitador do ataque. Apesar de ter sobrevivido, terá sofrido das feridas até ao final da sua vida.
António Tenreiro dirigir-se-ia posteriormente para Coimbra, onde viria a casar com Isabel de Brito, de quem não teve descendência, vindo a falecer em data desconhecida, provavelmente entre 1560 e 1565.
Terá sido já em Coimbra que escreveu o referido “itinerário”, cujo nome original era “Itinerário de António Tenreiro, que da Índia veio por terra a este Reyno de Portugal, em que se contêm a viagem e jornada, que fez no dito caminho, e outras muitas terras, e Cidades, onde esteve antes de fazer esta jornada, e os trabalhos que em esta peregrinação passou o anno de 1529”. A obra é considerada rigorosa e de grande interesse, por descrever a arquitetura, cultura e costumes dos povos pelos quais o explorador passou, sendo utilizada uma linguagem imparcial em relação aos indivíduos de religião islâmica.
No século XVIII, tornar-se-ia hábito incluir o “Itinerário” em anexo à “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, tendo a obra de António Tenreiro sido traduzida para outros idiomas, como o alemão.
Miguel Louro
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