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A nobreza regenerada que gerava desconforto na monarquia

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“O nobre Nuno Álvares Pereira representa a nobreza regenerada que gerava desconforto na monarquia, acostumada a regras militares e diplomáticas formais.
 
Um homem de vanguarda que faz sua trajetória ascendente e trabalha para manter suas prerrogativas frente a um contexto especialmente concorrencial apoiando-se em homens simples de baixa extração social que compartilham de suas habilidades e alguns interesses.
 
A ética moralizante de Nuno Álvares serviria de modelo aos servidores de Avis, adaptado às realidades de transição do século XIV-XV e moldado em valores específicos desta nobreza construídos a partir de seus instrumentos ideológicos tradicionais: literatura genealógica, cantigas e romances, mas também a partir destes séculos finais da Idade Média, na cronística nobiliárquica particular e na inserção na cronística régia o Condestável aparecia sempre como líder de peregrinos abnegados, pobres e famintos que com sua coragem granjeariam a vitória, mas tal imagem não agradaria totalmente ao rei português e o desacordo viria a propósito dos seus métodos de ação e da crescente projeção e autonomia do vassalo, especialmente após Aljubarrota.
 
Após uma vida de serviço dedicada ao seu senhor o rei, Nuno Álvares deixaria os assuntos temporais e seus bens e passaria ao serviço divino ingressando na Ordem dos Carmelitas no Convento do Carmo que ele fundara, assumindo o nome de Irmão Nuno de Santa Maria, onde permaneceria até sua morte em 1431. Enquanto o rei D. João I seguia sua demanda régia, Nuno Álvares seguia uma via de ascese
completando uma vida de perfeito cavaleiro dos romances medievais arturianos.
 
Fernão Lopes, em sua Crónica de D. João I interrompe neste ponto o relato e insere uma Crônica abreviada deste personagem. Aqui, sumariavam-se todos os elementos até então dispersos no relato da História do reino e traçava-se um perfil idealizado do nobre e vassalo ideal, cuja trajetória alicerçadora dos ideais de Avis estaria definitivamente inserida na construção do passado português” fonte: DINIS, O INFANTE, E NUNO, O CONDESTÁVEL: DOIS MODELOS DE NOBRE NA ÉPOCA DE ALJUBARROTA.
 
Fátima Regina Fernandes.
Universidade Federal do Paraná

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